segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Jet Plane

Este conto foi escrito no final de 2007...




“Pensei que estivesse tudo acabado, que seria mais fácil te dizer adeus e nunca mais olhar aqueles olhos que, no primeiro dia, insistiram em encontrar os meus. Hoje penso que seria melhor se não tivéssemos passado disso, que se ficássemos apenas nos olhares, seria tudo mais fácil. Mas quem quer facilidade afinal?

Nossa história de amor unilateral, iniciou com o primeiro beijo, me lembro ainda que música estava tocando. O meu problema não foi perceber desde o inicio que eu iria me magoar, mas sim o fato de nunca saber como te tratar, isso sim era um problema. Você é a pessoa mais imprevisível que eu conheci. Definitivamente sua melhor qualidade e seu pior defeito, ao mesmo tempo em que me pegava de surpresa com uma mensagem linda, também me irritava ao simplesmente levantar e ir embora. Você desperta certas reações em mim que nunca tinha experimentado antes. E isso não é um elogio!

De você aceitei situações que nunca permiti a ninguém. Conhecemos-nos há tão pouco tempo e já brigamos tanto... Como ainda posso gostar de você?”

Isabel escreveu esta carta a Ricardo e a jogou por debaixo da porta de seu apartamento. Ele ainda não tinha voltado do trabalho. Ela estava de partida para Inglaterra, num vôo que saia as 19:03.

“Isabel, temos discutido tanto nos últimos dias que não tive nem oportunidade de pergunta como você esta? Como você já disse milhões de vezes eu também gostaria que as coisas fossem mais fáceis. Minha vida esta muito complicada nesse momento. Em tão pouco tempo já passamos por tanto coisas, já gritamos, já rimos e até choramos. Eu não posso dizer que se voltasse o tempo, que agiria diferentes. Mas eu estou disposto a mudar algumas coisas a partir de agora, e queria começar sendo o mais direto possível e perguntando se você voltaria comigo? Sei que amanhã você estará indo para Inglaterra, e pode pensar que é egoísmo estar lhe enviando isto hoje. Mas nunca tive tanto medo de perder alguém. Como te disse em uma de nossas brigas eu realmente te amo.

Ricardo”

Ao enviar este e-mail as 18:30, Ricardo viu na tela do computador “E-mail enviado com sucesso – Segunda- feira, 23 de dezembro de 2007”. Quando viu o número 23 , foi como se todo o monitor tivesse apagado e o 23 piscasse em verde-cana. De um salto ficou em pé com as mãos na cabeça sem conseguir pensar direito, e dizia:

- Não, hoje não pode ser 23 , hoje é dia 22, 22 terça-feira. Não pode ser 23, por favor não!

Então olhou para o relógio, era dia 23 e pior já eram 18:36.

- Meu Deus, a Isabel viaja daqui a pouco.

Saia às pressas, entrou em um táxi e pediu que ele voasse para o aeroporto. Era muito longe e Ricardo sabia que não daria tempo, mas tinha que tentar.

Chegou ao aeroporto as 19:04h, foi direto ao guichê da Pact e perguntou em que portão saia o vôo para a Inglaterra.

- No portão B, senhor.

- Obrigado

- Mas já esta para levantar vôo.

Gritou por fim a atendente já sem esperanças que ele escutasse.

O coração de Ricardo batia tão rápido que ele não sabia se era porque corria desesperadamente ou se era medo de perdê-la. Quando chegou ao portão B ele estava fechado, ainda escutou o auto falante:

- Vôo 534 da Pact com destino a Londres, Inglaterra acaba de encerrar o embarque.

Ainda conseguiu ver pelo vidro Isabel, estava linda com aquela saia indiana.

No caminho para casa, tentou se animar pensando que ela ficaria fora “apenas” um ano e dependendo de como ela respondesse ao e-mail eles ainda poderiam ficar juntos. O que o deixava inseguro era não saber se ela ainda gostava dele.

Chegou em casa por volta das 20:30, a primeira coisa que viu ao entrar foi a carta. Ao terminar de ler, chorou.

- Então ela ainda me ama...!

Conseguiu esboçar um sorriso, se recostou no sofá e ligou a TV.

- vôo 534 da Pact, com destino a Londres, explodiu 40 minutos após a decolagem, não restaram sobreviventes, a empresa afirma que...

Um comentário:

Anônimo disse...

Ai! Doeu aqui... Muito triste :(

Ai,ai,ai...

Amores não devem, nem podem acabar...Nunca!!!


Beijocas
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