Dear Prudence like a little child.
The clouds will be a daisy chain.
So let me see you smile again.
Dear Prudence won’t you let me see you smile?"
( Beatles - Dear Prudence)
Eu comecei a pensar isso a uns 11 anos atrás, quando meu avô faleceu. Eu me lembro como se tivesse acontecido ontem, ele sentando na mesa para almoçar e dizendo que tinha tido uma noite boa, que tinha durmido bem como a muito tempo ele não dormia. Lembro-me que isso me deixou muito feliz, e que imaginei que ele pudesse estar melhorando, na minha cabeça de criança dormir bem significava algo parecido com saúde. Poucos minutos depois meu avô despidiu-se de nós! O que me fazia parar de chorar todas as noites quando ia dormir no quarto dele e sentava em sua cadeira, era lembrar que ele tinha tido uma última boa noite, não sei porque mas isso me reconfortava bastante.
Terminei hoje de ler o livro O Diário de Anne Frank, ela para de escrever no dia 1 de agosto de 1944, quando a Inglaterra já tinha tomado grande parte do territorio que era antes de poder nazista. Desde junho (1944) eles haviam ouvido várias notícias no rádio, que os deixaram bem alegres e confiantes de que provavelmente em Agosto estariam livre do "mergulho", é interessante observar que as duas últimas vezes que a Anne escreveu, ela parecia totalmente confiante da futura liberdade e a forma como falava dela de seus pais, e de seus companheiros de isolamento era como uma despedida, como uma auto-crítica final. Quase uma carta de adeus, por mais que em todo momento percebe-se a sua esperança de liberdade. E o mais interessante é como ela assina... Em todos os outros dias ela assinava como "Tua Anne" em 1 de agosto, última vez que escreveu para Kitty, (forma como chamava seu diário) ela assina como "Tua Anne M. Frank".
Então me veio novamente a cabeça aquilo que tinha pensado 11 anos atrás, não sei se todos tem essa oportunidade, mas com certeza alguns tem a chance de se despedir (mesmo que inconscientemente) e de ter um último dia feliz!
31/01/08